sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Apresentação de Ricardo Crisafulli Rodrigues

Gosto de imagens desde criança. Lembro que um dos meus prazeres era ver revistas e apreciar todas as imagens, fotos ou ilustrações, imaginando o que eram, de onde eram e, com certa ousadia, o que queriam dizer. Relembro ainda, embora possa parecer meio estranho, que folheava com curiosidade as revistas de fotonovelas da minha mãe, achando curioso a sequência de fotos que nitidamente criavam enredos, embora eu não os entendesse muito bem. Chamava-me a atenção também as ilustrações de um livro de minha mãe, uma espécie de “bíblia dos pobres” moderna, que possuía, segundo me vem à lembrança, belíssimas ilustrações de passagens bíblicas. As cores eram um fascínio para minha cabeça de menino!

Estudei dois anos num seminário e lá tomei conhecimento e tive os primeiros contatos com a fotografia. Havia um padre, cujo nome não me recordo, que fotografava tudo e todos. Tinha um laboratório para processamento de fotos em preto-e-branco e, para meu fascínio, vi minhas primeiras imagens saindo do seu “estado latente” invisível para a sua condição de visibilidade.

No passar dos anos, quase sempre com câmeras emprestadas, fiz algumas fotos, até que, finalmente, já possuidor de algumas pequenas sobras financeiras, pude comprar minha primeira câmera fotográfica, à qual acrescentei duas ou três objetivas e compus o meu primeiro “kit fotográfico”. Embora não fosse um equipamento de primeira linha, permitiu-me um auto-treinamento e, daí em diante, não parei de fotografar. Enveredei por paisagens, pessoas, animais, arquitetura, moda, produtos e tudo o mais fotografável.

Com bolsa da Capes, fiz Mestrado em Florença, na Itália, especializando-me em fotografia de moda e produtos. Dei aulas em escolas de modelos, publiquei fotos em revistas e jornais. Colaborei para confecção de catálogos, matérias em revistas, cartazes, selos postais e, muitas vezes, com o ego das pessoas.

As dificuldades de um fotógrafo em Brasília, devido às poucas oportunidades e aos muitos oportunismos de alguns “profissionais” que prejudicavam os profissionais, fizeram-me fechar meu estúdio, levando-me de volta ao Serviço Público. De certa forma essa volta foi benéfica, pois passei a fotografar mais por prazer do que por necessidade de sobrevivência.

Finalmente, e isso coroa minha relação com a fotografia, ingressei no Doutorado em Ciência da Informação, na Faculdade de Ciência da Informação da Universidade de Brasília. Oriundo do curso de Biblioteconomia, onde me formei em fins de 1979, pude escolher um tema interessante para minha Tese de Doutorado, que reúne imagem fotográfica e Ciência da Informação. Esse tema diz respeito à tematização da imagem fotográfica e pretende mostrar que uma fotografia pode ter sua polissemia reduzida e ser mais facilmente recuperada nos bancos de imagens quando é inserida em discursos que lhe proporcionem um ou mais temas, sejam eles de cunho denotativo ou conotativo.

Defendida a tese, pretensão prevista para fins deste ano de 2010, gostaria de fazer algo que já deveria ter feito há muito tempo: organizar de maneira adequada minhas quase trinta mil fotos espalhadas em arquivos, CDs e DVDs diversos. Bibliotecário e fotógrafo que sou, digo para mim mesmo: “Casa de ferreiro, espeto de pau”.

Abraços!

Ricardo

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