segunda-feira, 6 de junho de 2011

Apresentação de Miriam Paula Manini

Caros(as) Amigos(as), Alunos(as) e Colegas(as) do Grupo IMI,

No Natal de 1973, ganhei minha primeira máquina fotográfica; era uma Kodak Instamatic, aquela que fazia muitos cliques e claques na hora de usar; que exigia flash magicube e cujo filme era um cartucho retangular. Desde então, tornei-me aquela pessoa da família que tudo registra e documenta.

Outro momento-memória que guardo é o ano de 1985, quando, acometida por uma intensa dor-de-cotovelo, fui aconselhada por um grande amigo a afogar minhas mágoas num curso de fotografia. Foi o mergulho nas químicas do quarto escuro e o aprendizado de que há cheiro de vinagre fora da cozinha.

Em 1989, um ano depois de me graduar em Ciências Sociais na UNESP/Araraquara, ingressei no Mestrado em Multimeios, no Instituto de Artes da UNICAMP. Eu já vinha trabalhando com Sociologia da Literatura desde meu Trabalho de Conclusão de Curso e almejava trabalhar com narrativas fotográficas sequenciais. Afastei-me um tanto da Sociologia e fui me aventurar no mundo da Antropologia Visual, com direito a conhecer introdutoriamente Cinema, Vídeo e Computação Gráfica, além, é claro, de trabalhar bastante na área de Fotografia, meu tema principal.

Em 1991, já tendo usufruído de todas as possibilidades de receber bolsa de estudos (CAPES, CNPq e FAEP – este último um órgão de fomento interno da UNICAMP – patrocinaram todo o meu Mestrado), tive que procurar emprego. Aí aconteceu daquelas coisas que a gente imputa aos céus ou às orações da mãe da gente: vi um cartaz procurando pesquisadores com formação em Ciências Sociais e que trabalhassem com fotografia e outros multimeios de comunicação... Inscrevi-me e conquistei a vaga para trabalhar no Setor de Multimeios de um Centro de Documentação. Aí eu começava a dizer adeus ao foto-romance e a abraçar os acervos fotográficos.

De 1991 a 1997, especializei-me em conservação dos suportes fotográficos e comecei a ter um interesse por me aprofundar na preservação da informação, do conteúdo informacional das fotografias. Em 1998 ingressei no Doutorado em Ciências da Comunicação na ECA/USP, para trabalhar na Linha de Pesquisa Ciências da Informação, com a temática Análise Documentária de Imagens.

Defendi minha tese em maio de 2002 e em junho já estava em Brasília prestando concurso no então Departamento de Ciência da Informação da UnB, onde estou trabalhando desde então e onde fundei, junto com vários colegas, o Grupo IMI.

Esta trajetória toda me é muito cara; e só depois de tantos anos percebo a importância de ter feito Ciências Sociais, curso que me deu uma formação multidisciplinar, característica fundamental dos nossos dias, e que me preparou intelectualmente para atuar nas Ciências Sociais Aplicadas.

Entretanto – ainda bem! –, não somos apenas intelecto, e trabalhar com fotografia e memória me faz retomar aprendizados antropológicos do Mestrado e rememorar a preciosa colaboração de tantos valores humanos com quem tive a felicidade de manter contato nestes anos todos de formação e atuação.

Muito prazer!
Miriam

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